Avançar para o conteúdo principal

Festa dos Maios

Da Programação da Festa dos Maios da Câmara Municipal de Cascais fizemos mais uma vez o Percurso de Trator na Quinta do Pisão.


Repetimos este percurso porque gostámos da primeira experiência e para acompanhar a Odete que ainda não o tinha feito. Desta vez este percurso esteve a decorrer na Festa dos Maios, um programa de Cascais Ambiente da CMC.

Inspirada em tradições ancestrais de raiz celta e ligada aos cultos agrícolas, mas com uma abordagem inovadora dedicada às novas gerações e adaptada aos nossos dias, a Festa dos Maios regressou este ano à Quinta do Pisão. Da Programação desta festa só fizemos o percurso de trator.

Cascais - Quinta do Pisão

A Horta da Quinta do Pisão

A produção hortícola iniciou-se na Quinta do Pisão em 2013 numa parcela com cerca de um hectare.  As culturas hortícolas são variadas ao longo do ano e o plano de plantação é feito considerando os princípios de agricultura biológica, de forma a prevenir doenças e pragas. Associadas às hortícolas foram plantadas algumas espécies aromáticas e medicinais, nomeadamente, as habitualmente usadas para efusões: erva-príncipe, erva-cidreira, lúcia-lima, entre outras. Toda a produção biológica da Quinta é vendida na Loja da Quinta, edifício designado Casa da Cal.


História da Quinta

A presença humana na Quinta do Pisão remonta à Pré-História, com vestígios na gruta de Porto Covo referenciados como pertencentes ao período Neolítico e Calcolítico e Idade do Bronze e Idade do Ferro, isto é, há 4500 a 5000 anos. A gruta terá sido utilizada como necrópole, tendo-se identificado durante as escavações arqueológicas realizadas em 1879 por Carlos Ribeiro, arqueólogo da Comissão dos Trabalhos Geológicos de Portugal, ossadas humanas entre outros artefactos e utensílios.

Quinta do Pisão de Cima, anteriormente designada por Quinta dos Perrinhos ou Pilrinhos tinha uma área de 6,90 ha. Existem referências que indicam que esta Quinta seria propriedade do Convento de Santa Mónica de Lisboa, tendo sido adquirida em 1774 pelo proprietário da “Real Fábrica de Lanifícios de Cascaes” (Paulo Guimarães) para instalar um pisão. A azenha e estruturas de condução da água existentes terão sido adaptadas para aumentar a capacidade de produção da fábrica sediada na vila.

Quinta do Copeiro com 0,12 ha de área também conhecida por Pisão Velho, possuía já um pisão utilizado para pisoar os panos tecidos pelas saloias, tendo registo de atividade desde 1758, anterior à “Real Fábrica de Lanifícios de Cascais”. Foi arrendada em 1777 com o mesmo propósito que a Quinta dos Perrinhos, por esta última não responder às necessidades, e terá funcionado até 1816 (ano de encerramento da fábrica), sendo então propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Cascais que a arrendava.

Os três pisões destas duas propriedades funcionaram em pleno no período áureo da Real Fábrica de Lanifícios de Cascaes entre 1773 e 1806. Com o encerramento da fábrica perde-se o rasto às quintas, até que uns registos de 1938 referem que as respetivas Quintas do Pisão de Cima e do Copeiro foram doadas ao Estado pela “Comissão Executiva do Sanatório para Sargentos Tuberculosos do Exército de Terra e Mar” a fim de constituírem parte integrante do que seria o “Albergue de Mendicidade de Lisboa-Mitra”.

Quinta de Porto Covo constitui uma unidade agrícola de tradição medieval, da qual existem registos de ter sido propriedade do Convento S. Jerónimo na Penha Longa. Morgadio com uma área de 299 ha, possuía várias estruturas como azenhas e fornos de cal para além de terra arável, compreendendo um conjunto de edificado que remonta a 1527. A sua toponímia estará certamente associada ao facto do casario se ter situado num vale encaixado, numa “cova”, para além de ter sido um ponto de passagem obrigatório para aqueles que se dirigiam, na época, à vila de Sintra vindos de Cascais.

O percurso ao longo da ribeira das Vinhas, por apresentar menor declive, seria na altura o mais fácil e direto, pelo que terá sido percorrido a pé ou com recurso a tração animal.

Porto Covo tornou-se um importante ponto de passagem que estabelecia também ligação com as povoações vizinhas como Malveira, Murches, Penha Longa e Alcabideche. No Séc. XVIII foi instituído um vínculo à capela de invocação à Nossa Senhora da Conceição pelo seu co-herdeiro, o padre João Luís Mendes, do qual consta na mesma uma lápide datada de 1760 (Cardoso et al., 2009). A instituição da capela e do morgado visou assegurar a integridade da propriedade e a manutenção dela na família, evitando a partilha pelos herdeiros, sendo que esta passaria por obrigação e na íntegra para o filho primogénito.

As construções existentes seriam de arquitetura saloia, simples e depurada, com dois pisos que serviam de habitação no piso superior e de arrumos no piso térreo. Terão sido mandadas demolir pelos serviços da Mitra, exceto a capela e a azenha já sem o seu engenho.

Somente na revolução liberal de 1820 são extintos os morgadios, tendo a Quinta sido vendida e mudado sucessivamente de proprietários. Os únicos registos conhecidos referem que nos finais do Séc. XIX estava na posse da família Freitas. Depois da implantação da República, o seu último proprietário terá sido António Augusto Alves que a hipotecou à Companhia Geral de Crédito (Ministério da Fazendo Pública, 1942).

Finalmente já no séc. XX, a propriedade acabou por ir a hasta pública e o município de Cascais manifestou interesse em adquiri-la. Contudo, em 1941, por direito de preferência, esta foi arrematada pelo Estado em detrimento do município para desenvolvimento e alargamento da Mitra. A Câmara Municipal de Cascais (CMC) ficou com o direito à exploração das fontes e minas de água existentes, evidenciando-se a preocupação da autarquia com o abastecimento público (Ministério da Fazendo Pública, 1942).

Em 1942, com o conjunto das três Quintas, é criada a “Colónia Agrícola do Pisão”, anexa à Mitra e só em 1949 foi edificado um pavilhão isolado para os doentes mentais denominado “Asilo de Dementes”. Nos anos 50 viviam e trabalhavam neste território cerca de 500 “indigentes”, entre prisioneiros da colónia penal, doentes mentais, tuberculosos e todos os que eram apanhados a mendigar pela capital, que permaneciam guardados por elementos da P.S.P. de Lisboa. O trabalho no campo e atividade agrícola seria intenso, existindo em 1940 registos de produções de 397 Kg de cevada santa, 651 Kg de fava, 2115 molho de feno, 12,5 Kg de mel, 615 Kg de milho e 1809 Kg de trigo rijo (Cardoso et al., 2009).

Os antigos albergues de mendicidade passaram, a partir de 1976, para a esfera da ação social. Em 1985 a Santa Casa da Misericórdia de Cascais assume a gestão da Mitra reconvertida em “Centro de Apoio Social do Pisão”, com uma estrutura agrícola funcional, onde os utentes desenvolviam toda a atividade agropecuária para sustento do Centro. Neste mesmo começou-se a receber pacientes do sexo feminino. No ano de 1989, os registos referem que a Quinta do Pisão teria cerca de 300 ha em exploração com uma produção de 16 toneladas de trigo por ano, para além da exploração da componente florestal com pinho e eucalipto. Teria ainda uma componente pecuária com 30 vacas leiteiras, 230 ovelhas, 5 porcos e 600 galinhas (Cardoso et al., 2009). Com o crescimento da instituição e a necessidade de profissionalizar e cumprir com regras e legislação, o conceito de sustentabilidade do Centro que envolvia um abastecimento próprio de víveres frescos provenientes da gestão agropecuária foi deixando de ser possível, tendo a atividade agropecuária sido cessada.

No que concerne à área do Pisão de Baixo, esta consiste essencialmente numa plataforma rochosa calcária com dobras e fraturas do Cretáceo. Apresenta no seu limite sul o vale travesso, denominado deste modo por estar orientado no sentido este oeste, que inicia na confluência da ribeira do Pisão com a ribeira da Penha Longa, dando lugar à ribeira do Marmeleiro com uma orografia particular. Contígua à ribeira encontra-se a Quinta do Pisão de Baixo, da qual não existem registos anteriores a 1746, e que pertenceu a Manual do Vale (Cardoso et al., 2009). Esta propriedade, que atualmente se encontra dissociada da azenha e forno de cal (de grande valor e interesse), será muito provavelmente a única azenha que ainda detém os engenhos e pedras mós em relativo bom estado de conservação.

Em 2007, esta Quinta de 22 ha foi adquirida pela CMC num processo de permuta com o proprietário. Mais a sul junto à ribeira, o Casal da Cartaxa, existiu uma azenha sendo ainda visíveis as estruturas de condução de água, bem como as condutas de descarga até à ribeira. O vale encaixado mais protegido e húmido representa um refúgio para a flora, em particular carvalhos e freixos que assumem um porte significativo. (fonte: Ambiente Cascais)

Cascais - Quinta do Pisão



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Praia da Comporta e Alcácer do Sal

Uma ida à Praia da Comporta e almoço em Alcácer Sal .  Apreciamos muito esta linda cidade pela sua bela paisagem sobre o Rio Sado , quando podemos voltamos. O almoço foi no Restaurante Retiro Sadino , comemos um Arroz de Lingueirão que estava uma delícia. Depois do almoço fizemos um percurso pela zona ribeirinha do rio Sado.

Férias em Manta Rota

  Este ano resolvemos passar uns dias de férias na praia de  Manta Rota , Algarve.   Como estávamos um grupo familiar, alugámos uma moradia perto da praia para a nossa estadia. Além de praia como estavam também de férias as nossas crianças, e os adultos também gostam, fomos passar um dia no Zoo Marine em Albufeira . Uma ida à Praia das Fontainhas , uma praia selvagem quase exclusiva inserida no meio de falésias em Porches, Lagoa . Foi uma aventura que só foi possível pelo grande conhecimento desta região da nossa priminha Inês que reside nesta zona do Algarve. Já no final das nossas férias aproveitamos, para uma pausa de praia, uma ida a Ayamonte e um percurso pelas praias de Isla Canela . Várias praias com grande extensão de areia, de perder a vista. ao longe podemos ver Vila Real de Santo António.  

Teatro "Fim de Semana com Sogros"

  No TIO - Teatro Independente de Oeiras assistimos à divertida comédia "Fim de Semana com Sogros". Sinopse: O casamento ia de vento em popa… ou não, até ao momento em que, sabe-se lá porquê… ou não, uma rajada de vento provocada pelo anticiclone dos Açores virou a vida de João Avilez de Melo e Murtosa de pernas para o ar. Isabelinha, a Belita do Johnny, saiu de casa levando o único filho que ainda aturava os pais.  A mãe de João chega da Alemanha para consolar o filho… ou não. O sogro aparece de surpresa… ou não. A empregada doméstica “joga em todas as frentes” … ou não. Se o ódio é a outra face do amor, então o amor é a outra face do ódio e, já dizia o outro, se uma porta se fecha, logo duas ou três se abrem… ou não. Chama-se a isto oportunidades. Elenco:   João Avilez de Melo e Murtosa: Carlos d’ Almeida Ribeiro Áurea Avilez de Melo (a mãe de João): Maria Helena Falé Tamára Sophia Alagoas Braga (empregada doméstica): Bárbara Meirelles Tito Antonino Vale César (o...