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Um dia em Alcácer do Sal

Fizemos um passeio de um dia a Alcácer do Sal, programa organizado pelos SSAP.

 

O encontro com o grupo foi em Sete Rios, como é habitual, seguindo para Alcácer do Sal.

Quando chegámos passeámos junto ao Castelo à espera do guia que nos ia acompanhar por todo este programa e visitas.



Começámos com a visita à Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal.



Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer no Piso Inferior Pousada D. Afonso II

Vinte e sete séculos de história cruzam-se na Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal, inaugurada a 18 de abril de 2008. O subterrâneo, escavado no subsolo da fortaleza e do antigo Convento de Aracaelli, que hoje acolhe a pousada D. Afonso II, oferece uma verdadeira viagem no tempo. Numa atmosfera única é possível ver vestígios de todos os povos que viveram na colina aos pés da qual se ergue a cidade e aí deixaram a sua marca.

Esta descoberta deu-se em meados dos anos 90, com o projeto de recuperação das ruínas e a sua conversão para o turismo. As escavações então levadas a cabo pelo saudoso arqueólogo e vereador da autarquia, João Carlos Faria e pelo arqueólogo Dr. António Cavaleiro Paixão revelaram vestígios da Idade do Ferro que remontam ao século VII a.C., bem como estruturas do período romano e da ocupação islâmica, abrangendo uma área considerável.

Na área intervencionada do Convento encontraram-se muros medievais e também da época cristã pós-reconquista, alicerçados parcialmente em paredes romanas que, por sua vez, se sobrepõem a estruturas pré-existentes mais antigas, datadas da Idade do Ferro. Convivem, assim, no mesmo espaço achados com mais de 2600 anos de intervalo entre si.



Para além da diversidade temporal, os vestígios mostram uma multiplicidade de tipologias. A par de inúmeros objetos está um arruamento com uma largura de 3,50 metros e que, no início da ocupação romana, foi provido de uma vala de esgotos, construções com alguma imponência que poderão traduzir a existência de uma zona nobre do aglomerado urbano, assim como um santuário da idade do ferro e romano, cujas estruturas imbricam num conjunto arquitetónico extremamente raro.

O maciço de ruínas, devidamente limpas e preparadas, fornece então uma leitura diferenciada das épocas que ali se sobrepõem, das mais antigas, no século V a.C. às mais modernas, no século XVII. (fonte: C.M. Alcácer do Sal)

Seguimos depois para a Igreja de Santa Maria do Castelo e depois para o Fórum Romano.

Igreja de Santa Maria do Castelo

Sobre a colina do castelo ergue-se um dos mais interessantes exemplares do românico tardio que se conservam no sul de Portugal, onde o estilo tem pouca representação. A Igreja de Santa Maria do Castelo, tal como a maioria dos edifícios religiosos medievais da cidade, foi fundada pela Ordem de Santiago após a reconquista da cidade por D. Afonso II, em 1217. Em tempos a mais importante igreja e o principal local de encontro em Alcácer do Sal, no seu adro eram divulgadas as atas camarárias e as ações governamentais durante a Idade Média.

Foi construída no mesmo lugar onde já haviam estado um templo pagão e uma mesquita muçulmana. É uma igreja com três naves e com vários motivos de interesse: o púlpito setecentista, suportado por um anjo, a faustosa talha dourada das capelas, o trabalho minucioso de serralharia do século XVI, os revestimentos em azulejos e os traços góticos, manuelinos e barrocos.




As duas portas são também importantes. A porta lateral é a peça mais significativa do ponto de vista arquitectónico: é larga, bem lançada e está bem conservada, apresentando quatro arcadas de estilo românico. Duas delas mostram as arestas biseladas com chanfro liso, as outras têm o chanfro côncavo, abrindo e terminando em meios rolos. O portal axial é mais singelo, embora moldado com os mesmos motivos. No século XVIII substituiu-se o frontão com o escudo da Ordem de Santiago, abrindo-se uma janela que ilumina o coro. (fonte: C.M. Alcácer do Sal)


Fórum Romano de Alcácer do Sal

 

Situado na área da igreja de Santa Maria do Castelo o Fórum Romano foi identificado em 1983. Possui uma grande muralha totalmente construída em pedra e uma sala de planta retangular, formada por lajes de mármore branco-acinzentado.

Tudo leva a crer que estas estruturas se prolongam para a zona agora ocupada pela Igreja de Santa Maria, podendo estar-se perante um conjunto edificado que ocuparia uma área de 80×40 metros, correspondendo a um “Fórum Provincial”.

Do espólio encontrado merecem também destaque alguns fragmentos de inscrições, pedaços de estátuas e frisos de molduras em mármore.

Estes edifícios foram ocupados também durante o período muçulmano (século VIII a XI) como o provam os restos de habitação, silos de armazenamento de alimentos, condutas de água e fossas encontradas em níveis superiores.

Depois da conquista de 1217, o local foi ocupado por várias gerações de famílias portuguesas. Em 1612 é referido que aí ficava o edifício da Câmara Municipal de Alcácer, onde permaneceu mais algum tempo antes de ser transferida para a zona ribeirinha de Alcácer do Sal, onde se encontra nos dias de hoje. (fonte: C.M. Alcácer do Sal)

Entretanto, depois destas visitas, já estava na hora do almoço, de vários restaurantes que existem em Alcácer  escolhemos o Retiro Sadino na margem norte do rio Sado, onde comemos um delicioso Arroz de Lingueirão com a bonita paisagem do rio ao lado.



Tínhamos mais visitas à tarde mas ainda tivemos tempo de passar pelo Turismo e comprar uns deliciosos pinhões e mel da região.

Antes das visitas passeámos com o grupo pela margem sul do Rio Sado.



Fomos então para a visita guiada ao Museu Municipal de Pedro Nunes.



O Museu Municipal Pedro Nunes foi fundado em 15 de outubro de 1894, em resultado da junção do espólio arqueológico depositado na Câmara Municipal e de doacções do padre Matos Galamba e de Joaquim Correia Batista, sendo um dos museus mais antigos do país. Em 1896, o acervo arqueológico foi enriquecido com a doação de António Faria gentil do espólio da Idade do Ferro, proveniente da necrópole do Olival do senhor dos Mártires. Inicialmente este espaço museológico resumiu-se a um compartimento vizinho da Sala de Sessões da Câmara Municipal. Desde 1914 que ocupa a Igreja do espírito Santo, um espaço por si só com uma história com mais de 500 anos.                                                                                                                                                           

Após anos de abandono e desvio de algum do seu rico espólio, o 25 de Abril de 1974 inaugurou uma nova fase na sua evolução. A antiga denominação de Museu Municipal de Alcácer do Sal foi alterada para Museu Municipal Pedro Nunes, por iniciativa do executivo camarário, a 10 de março de 1979, homenageando, deste modo, um dos maiores vultos nascidos nesta cidade. Em 1988 abriu oficialmente ao público com uma exposição permanente de objetos arqueológicos.

Desde essa altura, têm sido efetuados constantes melhoramentos e enriquecimentos das coleções, com ofertas de particulares e depósitos de documentação arqueológica decorrente da atividade científica da equipa técnica do município.

Fechado ao público desde 2007, devido ao seu avançado estado de degradação, iniciou-se uma nova fase que teve como objetivo recuperar um património que faz parte da memória afetiva da  cidade e do concelho, adequando-o às suas funções, sem desvirtuar o que outrora foi a Igreja do Espírito Santo. As escavações arqueológicas aqui efetuadas revelaram uma diacronia ocupacional, com uma potência estratigráfica com cerca de dois metros de profundidade, documentando uma ocupação desde os séculos. III/IV a.C. até à época muçulmana, perdurando posteriormente como espaço funerário durante os séculos XIV/XV a XIX. Estes vestígios são compostos por estruturas correspondentes a pequenas habitações e níveis de lixeiras, estando bem delimitadas espacialmente.

Por se tratar de uma obra de valorização de um imóvel de inquestionável valor arquitectónico, foi necessário conceber de raiz um projecto de forma a adaptar o imóvel às suas funções, tendo sido efectuada uma adequada e meticulosa intervenção (fonte: C.M. Alcácer do Sal)

   

Finalizando o programa destas visitas na Igreja de Santiago


                                                                                                                                          

As duas torres sineiras, morada de ninhos de cegonha, e a fachada principal, com um pórtico de mármore de frontão curvo, dominam a paisagem da cidade quando vista do Sado. De fundação desconhecida, já existia no séc. XVII  para responder aos fiéis, a ermida ganha a forma atual por ordem de D. João V, na qualidade de Grão-mestre da Ordem de Santiago, no século XVIII.

Torna-se sede de freguesia de Santiago em 1634, reinado de Filipe III de Portugal, após esta ter saído da Igreja de Nª Srª da Consolação.

A Igreja de Santiago ergue-se numa plataforma imponente com uma grande escadaria. O exterior, sóbrio, despojado e retilíneo, contrasta com a riqueza do interior, onde se destacam as pinturas, a talha e os painéis de azulejos. O templo, constituído por uma só nave de grandes proporções, tipicamente setecentista, é ladeado pelos arcos das capelas de inspiração maneirista e barroca.

Os azulejos, constituídos por duas faixas, foram atribuídos a Teotónio dos Santos, que aí trabalhou na segunda década do século XVIII. Na faixa interior, os painéis contam a vida do Apóstolo Tiago; na de cima, desenrolam-se as cenas da vida da Virgem. Os azulejos continuam nos lados da capela-mor, mostrando São Tiago a ser ordenado cavaleiro de Cristo e no altar-mor figuram também duas imagens do patrono desta igreja. O fundo do altar é todo ele ocupado pela pintura de São Tiago a cavalo, com os mouros vencidos a seus pés, atribuída a Pedro Alexandrino; à esquerda outro painel mostra São Tiago peregrino, caminhando com o bordão e segurando o livro sagrado. (fonte: C.M. Alcácer do Sal)




 Regressámos então a Lisboa depois deste bom programa e do belo dia de outono, com temperaturas de primavera, Ficámos a conhecer alguma história desta bonita vila de Alcácer do Sal. E vamos voltar em breve para um passeio de Galeão no rio Sado de onde se vê as iluminações de Natal.

Estando em Alcácer lembramos o poema "Alcácer que vier" de Joaquim Pessoa que Carlos Mendes fez a música:

"Alcácer que vier"

Em Alcácer eram verdes
as aves do pensamento.
Eram tão leves tão leves
como as lanternas do vento.

Em Alcácer eram verdes
os cavalos encarnados.
Eram tão fortes tão negros
como os punhos decepados.

Em Alcácer eram verdes
as armas que eu inventei.
Eram tão leves tão leves
tão leves que nem eu sei.

Em Alcácer eram verdes
os homens que não voltaram.
Eram tão verdes tão verdes
como os campos que deixaram.

Em Alcácer eram verdes
as maçãs feitas de lume.
Eram tão frias tão frias
como as dobras do ciúme.

Em Alcácer eram verdes
estas palavras que agora
são tão caladas tão cernes
tão feitas desta demora.

Em Alcácer eram verdes
as flores da sepultura.
Eram tão verdes tão verdes
tão verdes como a loucura.

Em Alcácer era verde
meu amor o teu olhar.
Era tão verde tão verde
quase à beira de cegar.

Em Alcácer eram verdes
os lençóis onde morri
Eram tão frios tão verdes
como os campos que eu não vi.

Em Alcácer eram verdes
as feridas do meu país
Eram tão fundas tão verdes
como este mal de raiz.


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