Visitámos a Casa-Museu Medeiros e Almeida,
da programação de Visitas Comentadas de Junho de Lisboa Cultural.
A Casa-Museu Medeiros e Almeida foi a antiga residência de António Medeiros e Almeida,
tendo sido transformada em casa museu pelo próprio, no início dos anos 70 do
século XX.
O Edifício foi mandado construir em 1896 por um advogado lisboeta Augusto
Vítor dos Santos, a obra fica a cargo do construtor Manuel Correia Júnior.
O edifício permanece na família até 1921, ano em que é vendida a
Eduardo Guedes de Sousa.
Dois anos mais tarde o proprietário manda acrescentar os dois últimos
andares de mansarda, segundo um projecto do arquitecto Carlos Rebelo de Andrade.
Em 1927 é vendida ao Estado do Vaticano, para aí se
instalar a Nunciatura Apostólica,
representada por Monsenhor Pedro Ciriaci, Arcebispo de Tarso.
Em 1943 é adquirida por António Medeiros e Almeida, que, após obras de
remodelação, a transforma na sua habitação mudando-se em 1947.
No início da década de setenta, ao decidir deixar uma Casa-Museu ao seu
País, Medeiros e Almeida amplia a casa destruindo para isso o jardim,
de modo a poder albergar toda a sua colecção de artes decorativas.
O casal muda-se então para uma casa ao lado que entretanto adquire e
onde habita até ao fim da vida.
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Lisboa - Casa-Museu Medeiros e Almeida
A Colecção:
Paralelamente à atarefada vida profissional, António de Medeiros e Almeida (1895-1986) dedicou-se com paixão a reunir um vasto e precioso conjunto de obras de arte.
Tendo começado a coleccionar nos anos 30, o auge da sua carreira profissional no pós-guerra, permitiu-lhe adquirir nas mais afamadas casas leiloeiras e antiquários europeus e reunir uma importante colecção de artes decorativas.
Em 1972 criou a Fundação Medeiros e Almeida tendo como objectivo: "Dotar o país de uma Casa-Museu". De modo a permitir a fruição pública da sua colecção, o casal mudou-se para uma moradia contígua, transformando a casa onde viveu durante 30 anos em Casa-Museu. Nessa altura foi ainda construída uma nova ala sobre o jardim da casa.
O acervo reflecte um gosto eclético e cosmopolita que se ajusta ao ambiente da casa. A escolha das obras de arte. direcionada para uma vivência pessoal e social, foi sempre dirigida por um critério de excelência que se revela nomeadamente en duas colecções para as quais o coleccionador projectou salas dedicadas; a de relógios e a de porcelana da China.
Na colecção de cerâmica chinesa incluem-se as mais dispares peças, desde a raridade das terracotas chinesas da dinastia Han (206 a.C.-220), aos primeiros vidrados da dinastia Tang (618-907) e às depuradas peças Song (960-1279) sendo o núcleo mais significativo o das chamadas "primeiras encomendas", as primeiras peças de porcelana encomendadas na China para o Ocidente, com cerca de 500 anos, que ostentam as armas reais de Portugal e de D. Manuel I.
A sofisticação e apuro técnico estão presentes nas peças de relojoaria francesa, inglesa e suíça, salientando-se o relógio inglês, de noite do século XVII, com iluminação interior por candeia de azeite, do relojoeiro da corte de Carlos II de Inglaterra, Edward East (1602-1697), ainda em funcionamento, uma ampulheta em âmbar e marfim, com assinatura "Michael Schödelock fecit Gedani", feita em Gdansk (na altura na Prússia), datada de cerca 1660 e ainda de 25 relógios Breguet, uma das mais famosas casas relojoeiras do mundo.
Nesta sequência destacam-se ainda o mobiliário português e francês, a colecção de pinturas holandesas e flamengas dos séculos XVI e XVII, os retratos ingleses do século XIX, os adereços de joalharia, as baixelas de prata inglesa, a ourivesaria sacra e as tapeçarias flamengas e francesas dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Ao doar o seu acervo ao país, Medeiros e Almeida tornou-se num dos grandes mecenas portugueses do século XX. (fonte: Casa-Museu Medeiros e Almeida) |
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